BOMBEAMENTO DE MARÉ.

28/06/2013 00:19

Sistema de Marés de Cananéia

por Circuito Tambor Arquiteto Eduardo Manoel (Notas) em Quinta, 18 de outubro de 2012 às 20:23
 
 

Observações e estudos no Mar de Cananéia.  

  

Tenho me empenhado a melhor entender como é o Sistema de Marés da região de Cananéia, algo que no passado  a família Tambor entre outras, faziam muito bem.

Com uma vigilância, observação e analise constante do Mar, possível apenas a sentidos (visão, tato, audição...) treinados para isso este povo navegava e velejava em suas singelas canoas com domínio do cenário de Marés. Estou longe dessa façanha mas hoje posso lançar mão de aspectos científicos (Miyao, Harari, boon J. D. Defant A, Geobras 1966, Smith N P 79), mas mesmo assim estou longe, muito, muito, muito longe de me identificar como um navegador costeiro a nível dos antigos navegantes de Tambor.

Para um leigo, pessoas não treinadas que vêem o mar apenas como local de turismo, paisagem, prazer esta interpretação é inatingível, exceto se tiver acesso a boletins metrológicos, de marinha, etc.

Já começo a pensar que entendo um pouco, muito pouco as fases da Lua e sua influencia no local. Estas fases lunares eram vitais para a programação de manejo em Mar dos antigos canoeiros velejadores. Poucas vezes o ambiente lhe pregou peças ou criou armadilhas. Estavam sempre um passo a frente do vento e do mar. Ainda tenho muito a aprender com o vento, a chuva, e outros elementos.

O sistema, em Cananéia (Carta Náutica 1703) recebe ondas de maré que entram através de duas barras: a de Icapara e a de Cananéia (considerada por alguns como a pior do Brasil). E estas se encontram no Mar Pequeno em um local que chamam de Pedra do Tombo.

No lado da Barra de Cananéia o oceano tem que encher dois (maiores) braços de Mar, o de Cananéia e o de Cubatão.

Através de um documento denominado Tábua de Marés seria muito fácil prever as exatas alturas destes mares nos preamar e baixamar, entretanto o sistema é influenciado por cenários e elementos que conseguem dar vida própria ao Mar.

1.       A maré real do sistema é o resultado de duas ondas amortecidas (que entram pelas barras) mas de direções e intensidades diferentes. Este fato contribui no comportamento da Maré em uma área raza e com pontos de estrangulamento do mar dinâmico. Em um ambiente relativamente pequeno e confinado estamos falando de maré com comprimento de onda superior a 150 km (se considerar uma velocidade de 5,7 m/s).

2.       O local possui correntes residuais da direção do Mar de Cubatão para o de Cananéia. Este fenômeno é denominado bombeamento de maré. Em resumo (ex) quando a maré no mar de Cananéia baixa, ela o faz mais rápido do que o Mar de Cubatão devido sua profundidade, curvas e gargalos. Portanto quando a maré de Cananéia deveria estar a uma dada altura em vazante, ainda está recebendo contribuição de água salgada semi represada  do Mar de Cubatão.

3.       Os arredores do que o povo local chama de baixís também podem eventualmente mudar sua contribuição de água doce.

4.       E o baixo relevo da área da costa permite que os fortes ventos possam em forma de um rodo eólico causar uma eventual contenção do Mar através de ondas.

 

Estes fenômenos podem trazer impactos positivos ou negativos para o Sistema, pois influenciam no transporte de seguimentos, poluentes, renovação da água do mar, etc.

 

Estamos de olho, observando e aprendendo.

 

Remando juntos chegamos a qualquer lugar.

 

Eduardo Manoel

Projeto Circuito Tambor